quinta-feira, 1 de novembro de 2012

HISTORIA da CAPOEIRA 


Ao abordarmos a historia da prática da capoeira no Brasil, devemos antes de tudo resgatar a história da escravidão no Brasil do século XVI, XVII, XVIII e XIX, quatrocentos anos de horrores e serviços forçados, para alimentar uma elite rica e gananciosa que vivia para o acúmulo de capitais.
Nesses quatrocentos anos as pessoas viveram o nascimento, crescimento e expansão do Capitalismo. O Pré-capitalismo, uma das primeiras fases da formação do capitalismo, também conhecido como Mercantilismo, prática econômica baseada na compra e venda de produtos, visando um maior acúmulo de capitais e ter uma balança de comercio favorável, ou seja, vender mais que comprar, aumentava a riqueza da burguesia, a burguesia atraves dos impostos aumentava a riqueza da nobreza e do Rei. Era o nascimento das Monarquias Nacionais do fortalecimento do poder central nas mãos do Rei.
Com as Monarquias Nacionais as leis são unificadas, a moeda é unificada, pesos e medidas são unificados, todos os tribunais são submetidos a autoridade do Rei, dessa forma o comércio pode se expandir e crescer.
Quanto mais o comércio crescia, mais se investia em conhecimento e ciencia dando origem a expansão marítima e consequentemente a descoberta da América.
Logo os europeus perceberam que estavam na vanguarda de muitos conhecimentos em relação a outros povos do planeta. Com esses conhecimentos e sua habilidade guerreira, experiência adquirida em séculos de Cruzadas com os povos mulçumanos, o europeu passa a diversificar a prática mercantilista estimulando o Colonialismo e é essa pratica econômica que nos leva a escravidão.
O que era o Colonialismo ? Simples. Baseava-se na prática de se obter matérias primas a troco de nada, transforma-las em manufaturas ou seja, mercadorias e vende-las bem caro na Europa, foi assim que a “mazela” de diversos povos começaram, pois, não foi só o Negro que foi escravizado, mais o silvícola americano, os asiáticos e diversos outros povos passaram (e ainda passam, por incrivel que pareça !) por essa horrivel experiência... As colônias perteciam aos Reis e suas terras não eram distribuídas e sim arrendadas o que diminuia muito a possibilidade de qualquer plebeu ser dono de terras nos novos mundos. E quem, em perfeito juízo, deixaria seu país, sua terra, para ser servo na América, Africa ou Asia ? Então, os brancos que por ventura apareciam por aqui, eram grandes senhores de terra ou eram degredados, fugitivos, condenados pela inquisição que fugiam da perseguição religiosa em seus países, eram cristãos novos, judeus recem convertido que a igreja muito rígida na epóca vivia a perseguir, muitos migravam por não ter mais nada a perder.
No caso do Brasil os portugueses precisavam cocretizar sua efetiva colonização, pois, ingleses e franceses viviam a contrabandear as riquezas do Brasil, o que na cabeça do Rei de Portugal era uma ofensa gravissíma, afinal, ele acreditava que as terras do Brasil eram dele o que configurava em roubo contrabandear tais riquezas.
A colonização efetiva do Brasil começa trinta anos depois de sua “descoberta” em 1500 por Pedro Alvarez Cabral, hoje motivo de certa controvérsia, pois, existem teorias que comprovam a estadia do navegador Duarte Pacheco em terras brasileiras no ano de 1498, mas isso é uma outra história.
Após o iniciar o processo de colonização, os portugueses passaram a explorar nossas riquezas e criar outras, o caso da cana de açúcar, dentro desse processo, podemos dizer que passamos por três ciclos econômicos diferentes:
Ciclo do Pau-Brasil :
Consistia puramente em cortar e armazenar a madeira e levá-la para Europa, onde era usada de várias formas. Porém, nesse primeiro Ciclo não precisou de trabalho escravo, já que os silvícolas americanos, faziam esse trabalho por algumas quinquilharias como, contas, pedrinhas de vidro, espelhinhos, faca...
Ciclo da Cana de Açúcar:
Aqui começa a história das senzalas, da escravidão e da capoeira, quando chegam os primeiros negros para serem usados no trabalho escravo. O Negro chegou para substituir o americano o “Negro da Terra”. Para a Coroa de Portugal era difícil controlar o aprisionamento e a venda do Americano, pior, o americano conhecia a região podia fugir para mata com facilidade, já o Negro era mais fácil de controlar. O comércio era feito de continente para continente de um país distante do outro lado do mar a Africa. Ao entrar nas colõnias os escravos negros eram contados e contabilizados, dessa forma o Rei podia fiscalizar muito melhor o tráfico. Este por sua vez se tornava bem mais rentoso que o o tráfico do americano.
O escravo negro não conhecia a terra e nem os dialetos falados aqui, a região, o clima, animais, plantas, nada disso ele conhecia, separado da família e dos amigos, o Negro tinha um só direitro, trabalhar, trabalhar e apanhar...Nesse ambiente nasce o espirito de camaradagem entre os escravos de várias culturas diferentes e é dessa forma, dessa mistura de culturas africanas nasce a capoeira, nasceu brinquedo, dança, jogo. Ajudava aos escravos matar a saudade da terra atraves da música, do batuque e das histórias contadas nas rodas era um momento de alegria, um dos poucos...
Ciclo da Mineração:
O ciclo do ouro trás várias mudanças na sociedade colonial, como o ouro era uma riqueza de fácil acesso, requer só uma batéia (teoricamente), era fácil encontrar homem livre e ate mesmo escravo que enriquecia com a descoberta do ouro.
Nessa época houve uma mudança significativa na vida social da colônia, nasce uma classe média que crescia conforme crescia, a exploração do ouro, afinal os mineiros precisavam comer, beber, dormir, morar, ou seja a extração do ouro possibilitou o nascimento de uma classe social que sze sustentava prestando serviços aos mineradores de então.
Neste contexto urbano nasce uma nova capoeira que agora sai das senzalas e chega as ruas, as praças e aos largos das principais Capitanias da Colônia, pela primeira vez, encontramos uma classe média atuante na Colônia. O ouro gerou uma riqueza muito grande que foi utilizada na urbanização das cidades, estas atraia todo tipo de gente, aumentando muito a diversidade cultural o que contribuiu para a expansão da capoeira.
Aprendia-se a capoeira jogando e observando as rodas nas festas religiosas das praças, ainda não era vista como prática criminosa, porém era vista como jogo de negros, o que a tornova extramente marginalizada pela sociedade branca das cidades.
I REINADO
No Primeiro Reinado a capoeira já era proibida, mas ainda não fazia parte do código penal, porém era reprimida e punida com chicotadas e trabalhos forçados era praticada por negros escravos, livres, mulatos, mamelucos, brancos e estrangeiros.
Nas cidades a pratica da capoeira era controlada pelas Maltas que se espalhavam por todas as grandes cidades e eram divididas pelos bairros, esses eram controlados por maltas de capoeiristas rivais. Na verdade isso é fácil de entender, em um país onde a maioria era negra, controlados por uma minoria branca, claro que teremos uma parte enorme da sociedade que vai viver a margem da mesma, levando a formação das maltas que seriam a organização dos excluídos pelo sistema da época. Durante todo I Reinado não houve nenhuma lei que trata-se dos negros com dignidade, pelo contrário, as leis so favoreciam a Elite “pensante” da epoca.
II REINADO
No segundo reinado por pressões inglesas, o Governo brasileiro começou a criar algumas leis em prol do negro, porém algumas beneficiaram muito mais aos Srs do que aos próprios negros, leis como:
Lei do Ventre-livre, essa é muito boa! A partir da promulgação desta lei todo o escravo nasceria livre, mas, teria que ficar na fazenda do seu Sr. Até ser de maior e poder viver sua vida, enquanto esperava a sua maioridade trabalhava para o Sr., sem ganhar nada é claro...
Lei do sexagenário, também muito boa! Após os sessenta anos todo escravo era livre. Imagine que um escravo tinha uma média de vida de 25 a 30 anos, chegar aos sessenta era um mérito! Porém, essa lei vai beneficiar muito mais aos Srs, aos sessenta o escravo já esta velho e cansado para não ter que alimenta-lo sem que ele trabalhasse era só recorrer a essa lei e pronto, lá estava o Sr. Livre do escravo.
Lei Aurea 13/05/1888. Concordo, libertou finalmente os escravos, mas sem política pública nenhuma o que manteve o negro a margem de nossa sociedade.
Enquanto esses eventos políticos aconteciam a capoeira crescia, evoluia, tornava-se arma das pessoas que viviam nas ruas, não era só o negro praticante da capoeira, como já escrevi, o praticante era, mulato, mameluco, negro, branco, todos essas raças contribuiram para moldar a capoeira moderna de hoje.
A partir da segunda metade do sec. XIX o berimbau passa a figurar nas rodas de capoeira. Até então as rodas eram marcadas pelo ritmo do atabaque, pandeiro e outros instrumentos de percurssão, com a entrada do berimbau começamos a ver surgir a capoeira moderna de Pastinha e Bimba.
As Cidades do Rio de Janeiro, Salvador e São Luís, eram os maiores focos da prática da capoeira urbana, onde havia concentração de pessoas, lá estava a capoeira. Nessa epoca ela ainda não era ensinada em academias e se aprendia a capoeira
jogando a capoeira, nas ruas no dia à dia, observando os outros a jogar, era essa a única maneira de se aprender a tão temida capoeira.
REPÚBLICA
Em 1892 a capoeira passa a fazer parte do código penal artigo 402, até então ela já era proibida, porém só a partir dessa data que ela passa a fazer parte do código penal. A pessoa que fosse pega jogando a capoeira era preso e mandado para a Ilha de Fernando de Noronha para fazer trabalhos forçados durante 4 à 6 meses.
Só no primeiro ano de vigência da lei o Chefe de Polícia do Rio de Janiero, Sampaio Ferraz mandou para Fernando Noronha cerca de 400 capoeiristas, sendo que desses 400, 65% foram considerados brancos, 20% estrangeiros e apenas 15% de negros, como se vê ela já era muito utilizada por diversas raças diferentes, pois não impotava a raça em si e sim a situação soçial da pessoa, pobre e marginalizado era capoeirista na certa ! Porém isso não impediu que muitos homens ricos praticassem a capoeira, sendo que a maioria desses homens eram boêmios, da noite, conheciam a malandragem popular e sabiam usa-la a seu favor quando precisavam.
A partir da década de 1920, passa a surgir um sentimento nacionalista nas artes, política e cultura do Brasil, era a Semana da Arte Moderna de 1922, que sacudiu o Brasil com seu resgate a cultura genuinamente Nacional, surge então com força total a capoeira, agora como Ginástica Nacional Brasileira, idealizado por Burlamarqui, Mestre Zuma, que em 1928, formou o primeiro manual da capoeira sem Mestre, método didático, onde o leitor atraves do livro tinha conhecimento da capoeira como jogo, como luta.
Nessa epoca Mestre Bimba e Mestre Pastinha já são famosos como Mestres bahianos em 1923, Mestre Bimba, cria a capoeira Regional da Bahia, uma ramificação da capoeira de Angola, que até então era chamada, apenas de capoeira e só, quando Mestre Bimba colocou o nome Regional, Pastinha então chamou a dele de Angola, para diferenciar uma da outra, conhecida nos meios da capoeira como a capoeira Mãe, pois, Mestre Bimba, tentando transformar a capoeira mais objetiva para a luta acrescentou vários golpes de outras artes marciais na capoeira de Angola o que prova que a capoeira continuava a evoluir e acompanhar o seu tempo.
Em 1933, após uma apresentação de Mestre Bimba e seus alunos para o então interventor da Bahia a capoeira é finalmente liberada, deixando de fazer parte do código penal e dando início a uma nova era para a capoeira no Brasil.
Em 1950 o mesmo Mestre Bimba faz outra apresentação, dessa vez para o próprio Getúlio Vargas, o que faz a capoeira bahiana ainda mais famosa.
A partir de Bimba e Pastinha a capoeira passa a ser ensinada nas academias, com metodologia propria e qualquer uma pessoa passa a ter acesso a capoeira.
Nas décadas de 1960, 70, 80 e 90, a capoeira se torna uma profissão, uma realidade para muitos Mestres e Professores brasileiros que passam a ensinar hoje em grandes grupos dentro e fora do Brasil.
MESTRE PASTINHA
Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889,filho do espanhol Jose Senor Pastinha e de Dona Maria Eugenia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe ,com a qual ele teve pouco contato ,era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupas.
Com oito anos de idade Pastinha conheceu a arte da capoeira. Quem o iniciou foi um negro africano a quem chamava de tio Benedito que ao ver Pastinha um menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho resolveu ensinar-lhe a arte da capoeira. Passava tardes inteiras treinando num velho sobrado da rua do Tijolo em Salvador .Ali aprendeu alem de tudo a jogar com a vida e a ser um vencedor.
Viveu uma infância feliz, porém, modesta. Durante as manhãs frequentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava arraia e jogava capoeira. Com 13 anos era o mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado por seu pai na Escola de Aprendizes de Marinheiro que não concordava muito com a prática da capoeira pois achava que era muita vadiagem. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos amigos que conquistou a arte da capoeira.
Quando completou 21 anos voltou para Salvador, decidido a se dedicar à pintura. Nos horários de folga praticava capoeira às escondidas, pois no início do século esta luta era crime prevista por Lei.
No ano de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, situado no casarão 19 do Largo do Pelourinho esta foi sua primeira Escola de Capoeira. Seus alunos usavam como uniforme calças pretas e camisas amarelas, cores do time pelo qual torcia na Bahia, o YPIRANGA FUTEBOL CLUBE.
Pastinha trabalhou bastante em prol da Capoeira, representando o Brasil e a Arte Negra em vários países.
Com 84 anos de idade, doente, e fisicamente debilitado, foi morar no Pelourinho em um pequeno quarto, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia, deixando a antiga sede da Academia , devido aos problemas financeiros, o único meio de sobrevivência provinha dos acarajés que sua esposa vendia.
Em Abril de 1981, participou da última roda de Capoeira de sua vida.
Numa sexta-feira, 13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha se despede desta vida aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma parada cardíaca fatal.
MESTRE BIMBA
Seu nome: Manoel dos Reis Machado, filho de Luiz Cândido Machado e de Dona Maria Martinha do Bonfim, nasceu no dia 23 de Novembro de l900, no bairro do engenho Velho, Freguesia de Brotas, Salvador - Bahia.
O apelido de "BIMBA" resultou em uma aposta entre a sua mãe, Dona Martinha que acreditava que daria à luz a uma menina e por outro lado a parteira que o assistiu que seria menino. Na hora do nascimento a mãe pergunta para parteira e aí ganhei a aposta e a parteira responde, é "BIMBA" Dona Martinha. Bimba quer dizer o nome do órgão genital masculino no Nordeste, referindo-se às crianças.
Bimba começou seu aprendizado na Arte da Capoeira com 12 anos de idade, tendo como Mestre, um filho de africanos de nome Bentinho, que era capitão da Companhia de Navegação na Bahia. Seu aprendizado com Bentinho levou 4 anos, a partir deste período passou a transmitir os ensinamentos recebidos e ensinou Capoeira Angola na Capitania dos Portos da Bahia por 10 anos.
A Capoeira Regional surgiu com a fusão da Capoeira Angola e o Batuque, um certo tipo de luta que aprendeu com seu pai, que era campeão absoluto na Bahia, dando-lhe assim, uma roupagem nova, digna de admiração e respeito. A partir daí passou a se chamar "LUTA REGIONAL BAIANA" testando sua eficiência não apenas com capoeiristas e policiais agressores, mas, principalmente desafiando outros lutadores famosos de outras modalidades. Vencendo todas as lutas e quem mais tempo resistiu durou apenas 1 minuto e 10 segundos. Jornais da Bahia relataram seus feitos, fazendo alusão à sua coragem e bravura. Esta luta teve este nome por ser apenas praticada em Salvador, mais tarde com sua expansão passou-se a chamar CAPOEIRA REGIONAL.
Em 1932, fundou sua primeira academia no estilo Regional, no Engenho Velho de Brotas em Salvador, com o nome de CENTRO DE CULTURA FÍSICA REGIONAL BAIANA. A partir de então, iniciou-se sua ascensão, tornando-o famoso e ganhando vários títulos. Um deles é o de "Pai da Capoeira Moderna".
Em 1937, conseguiu o registro de sua academia junto à Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública de Salvador, como reconhecimento de seu trabalho. E em 1942 fundou sua segunda academia no Terreiro de Jesus.
Cansado por falta de apoio dos poderes públicos da Bahia e enganado pelas promessas de seu aluno formado Oswaldo de Souza, que ministrava aulas em Goiânia, em janeiro de 1973 mudou-se para esta capital, na certeza de uma vida mais digna.
Em 15 de fevereiro de 1974, no Hospital das Clínicas de Goiania, morre Mestre Bimba vítima de um derrame cerebral, desgostoso pelas traições, falta de apoio e dificuldade financeiras.
http://www.senzala.org.br/historia/bibliografia/11-mestre-pastinha.html
A CAPOEIRA DE ANGOLA A Capoeira Angola é um dos traço da manifestação da Africa Bantu no Brasil. Ela conserva sua essência no N'golo, ritual de passagem a vida adulta, onde as jovens são disputadas entre os jovens gurreiros das tripos e quem melhor se sobresair cabe o direito de escolher sua esposa dentre as jovens sem o pagamento do dote matrimonial. A palavra Capoeira é de origem Tupi Guarani (indígena) significa um tipo de preparo do solo para o replantio (mato cortado rente ao solo) onde os negros ali se encontravam para prática do N'golo devido a obcessão do regimento escravista desenvolvia a alma física como instrumento de libertação. Caracterização da Capoeira Angola O Capoeirista Angoleiro busca compor seus movimentos com os movimentos do seu adversário, visando tornar o jogo coesco, como ume unidade. O seu senso estético lhe direciona à obtenção de uma sintonia eurrítmica usando movimentos expressivos, variados e ao mesmo tempo funcionais. A movimentação dos jogadores, visivelmente inspiradas em movimentos de animais silvestres, oferece uma grande liberdade e variedade de recursos aplicáveis às diversas situações do jogo que se desenvolve como uma trama, com diferentes passagens. O Capoeirista demonstra sua superioridade no espaço da roda, levando o adversário à confusão com perigo e a complexidade dos seus movimentos. Naturalmente afloram dos jogadores inúmeras faces de temperamento humano: o medo, a alegria, a raiva, o orgulho, a compaixão, a indiferença e outros sentimentos que tormentam a intriga, exigindo o controle psicológico dos adversários num jogo de estratégia, em que as peças a serem movimentadas são as partes do própio corpo. Os capoeristas devem harmonizar o clima do jogo com o momento da roda, ou seja, jogar de acordo com o toque e o retorno que está sendo tocado pela orquestra, com o sentimento dos versos que estão sendo entoados pelo puxador e pelo côro. Sagacidade, autoconfiança, lealdade, humildade, elegância são alguns dos fatores subjetivos que qualificam o Capoeirista Angoleiro, herdadas dos antigos praticantes do N'golo. O ser capoerista exige perfeito domínio da cultura, das tradições e do jogo, o toque dos intrumentos e o cantos das músicas.

VIDEO CAPOERIA DE ANGOLA DE MESTRE PASTINHA:
 http://www.youtube.com/watch?v=rSCY6Yu8qwY 

http://cuica.tripod.com/sobreangola.htm

Capoeira Regional
A capoeira Regional foi criada por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado, 1899 - 1974), conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues, e inclusíve, ser um exímio praticante da capoeira Angola. Bimba criou sequências de ensino e metodizou o ensino de capoeira. Inicialmente, chamou sua capoeira de Luta Regional Baiana, de onde surgiu o nome regional. Procurou fazer com que a capoeira tivesse uma maior força como luta e fez isto incorporando à ela novos golpes. Um fato conhecido, é de que Bimba teria incorporado golpes do Batuque, uma luta, já extinta, que era rica em golpes traumáticos e desequilibrantes. Inclusive, sabe-se que o seu pai era praticante. Há muita discusão também sobre se Bimba teria ou não absorvido golpes de outras lutas, como judô, o jiu-jitsu, a luta livre e o savate, luta de origem francesa, para compor sua Capoeira Reginal. Entre os velhos Mestres, essa é a opinião vigente, mas apesar disto, eles não acham que este fato seja negativo ou descarecterizador. A Regional surgiu por volta de 1930, mas Mestre Bimba se preocupou não só em fazer com que a Capoeira fosse reconhecida como luta, ele também criou o primeiro método de ensino da Capoeira: as "sequências de ensino", que auxiliavam o aluno a desenvolver os movimentos fundamentais da capoeira. Em 1932 foi fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira registrada oficialmente, em Salvador, com o nome de "Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia". Das muitas apresentações que Mestre Bimba fez, talvez a mais conhecida tenha sido a ocorrida em 1953, para o então presidente Getúlio Vargas, ocasião em que teria ouvido do presidente: "A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional". Na academia de Mestre Bimba a rigorosa disciplina que vigorava determinava três níveis hierárquicos: calouro, formado e formado especializado. Uma das maiores honras para um discípulo era poder jogar Iúna, isto é, jogar na roda de Capoeira ao som do toque denominado Iúna, executado pelo Berimbau.
O jogo de Iúna tinha a função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados para o grupo dos calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de Iúna em relação aos jogos realizados em outros momentos na roda de Capoeira era a obrigatoriedade da aplicação de um golpe ligado no desenrolar do jogo, além do fato de destacar-se pela maior habilidade dos Capoeiristas que o executavam. O jogo de Iúna era praticado apenas ao som do Berimbau, sem palmas ou outros instrumentos o que reforçava seu caráter solene. Ao final de cada jogo todos os participantes aplaudiam os Capoeiristas que saíam da roda. Na academia da Capoeira Regional de Mestre Bimba havia um quadro contendo um regulamento com nove itens, englobando aspectos técnicos e disciplinares:
* Deixe de fumar;
* É proibido fumar durante os treinos;
* Deixe de beber. O uso do álcool prejudica o metabolismo muscular;
* Evite demonstrar aos seus amigos de fora da "roda" de Capoeira os seus progressos. Lembre-se de que a surpresa é a melhor aliada numa luta;
* Evite conversa durante o treino. Você está pagando o tempo que passa na academia; e observando os outros lutadores, aprenderá mais;
* Procure gingar sempre;
* Não tenha medo de se aproximar do oponente. Quanto mais próximo se mantiver, melhor aprenderá;
* Conserve o corpo relaxado;
* É melhor apanhar na "roda" que na "rua".
O surgimento da Regional foi um importante fator de divulgação da capoeira no país, alterando a imagem desta luta como atração turística ou como folclore, em que se destacam as acrobacias. A Regional passou a valorizar a Capoeira esporte, conseguindo colocá-la no devido patamar, entre outras modalidades no Brasil. O atual reconhecimento que a Capoeira possui, por todas as suas qualidades, em grande parte é devido ao trabalho de Mestre Bimba e de suas preocupações em mostrar a eficiência da luta brasileira. Atualmente, a Regional é uma referência importantíssima para os praticantes da capoeira, por demonstrar todas as possibilidades de aliar as características coreográficas com as eficientes técnicas de golpes traumáticos e desequilibrantes.
Mesmo que a maioria dos capoeiristas não procure jogar ou ensinar a Regional de forma, digamos, "pura" (mesmo porque muitos Capoeiristas não têm ainda acesso a informações mais detalhadas sobre o trabalho de Mestre Bimba), há um consenso na comunidade capoeirística de que é fundamental conhecer e praticar as técnicas introduzidas por aquele mestre. Sempre no sentido de reunir as características que definem a Capoeira como arte, jogo e luta.

VIDEO CAPOEIRA REGIONAL DE MESTRE BIMBA 
http://www.youtube.com/watch?v=0iBy3ER8GXQ

FONTES: http://www.filhosdejahveh.com.br/pagina.asp?t=Capoeira+Regional&ip=84

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